Marrocos… por onde hei-de começar? Quando pensei em Marrocos, não pensei em nada de especial, talvez deserto e camelos ou talvez ruas movimentadas. Nada me chamava a atenção.
Mas como estava enganada! Marrocos acabou por ser uma surpresa incrível na minha viagem fotográfica e pessoal. Foi um osso duro de roer, mas valeu bem a pena.
Deixa-me contar-te um pouco mais sobre este país encantador – vais adorar!
BÚSSOLA CULINÁRIA
Marrocos é intenso e a sua cozinha reflecte a sua essência! A comida é super deliciosa, com cheiros intensos e sabores doces: um verdadeiro banquete para o teu paladar! Uau!
Vou começar pelo prato mais famoso: Tajine. Ficarias surpreendido com o poder de um simples Tajine na tua mesa de jantar: é uma experiência social que une as pessoas.
O pão marroquino, a sua história e a forma como é confeccionado valeram-lhe a alcunha de “o melhor pão do mundo”; o cuscuz e as lentilhas são muito utilizados, dando origem a saladas e a inúmeras combinações deliciosas.
Por fim, as sopas: fartas e repletas de legumes, mostram a essência da cozinha marroquina.
Não há uma refeição de que não me tenha feito sorrir, que não tenha partilhado, que não tenha realmente apreciado. Através da comida, pudemos viajar pela essência de Marrocos e da cultura berbere: intensa, rica e variada!
CONTRASTE DAS PAISAGENS
Estava longe de imaginar a imensidão de Marrocos, longe de me aperceber que um país pudesse ter uma tal variedade de paisagens!
À chegada, a agitação de Marraquexe era previsível, mas a imensidão do deserto e a grandiosidade das montanhas marroquinas eram outra coisa.
A nossa viagem foi curta mas deu tempo para veres todas estas paisagens. Depois de deixarmos a cidade, dirigimo-nos para o deserto e, no dia seguinte, todo o grupo se levantou às 5 da manhã para ver o nascer do sol.
Posso garantir-te que acordar no deserto e ser beijado pelo nascer do sol no meio das montanhas do Atlas é uma experiência que nunca esquecerei.
O destino final, antes de regressar a Marraquexe, era a montanha e, como entusiasta da montanha, os picos marroquinos roubaram-me o coração. Apercebi-me de quanto teria perdido por acreditar em ideias erradas sobre este belo país.
Lembro-me que uma das minhas companheiras de grupo era geóloga, e deu vida à paisagem, lendo as rochas como de um livro de histórias se tratasse.
Esta viagem foi um abrir de olhos – acabou por ser uma aventura surpreendente e profundamente inspiradora.
POVO DA MONTANHA
Não posso falar sobre este assunto sem que o meu coração se derreta de amor e saudade pelas montanhas e pelas suas gentes. A visita às aldeias berberes foi um prazer, revelando as suas ricas tradições e crenças. O povo marroquino pode ser reservado, moldado pela sua religião e pelo constante afluxo de turistas. Mas foi nas montanhas, longe da agitação da cidade, que tive as melhores experiências.
Conhecemos pessoas maravilhosas, cheias de carisma e curiosidade, bebemos muito chá e saboreámos refeições deliciosas. Ao contrário de Marraquexe, que estava apinhada de gente, as montanhas eram mais descontraídas e acolhedoras.
Nunca esquecerei Hussein, o nosso guia de trekking em Imlil, que nos recebeu em sua casa, e Ahmed com a sua bela joalharia. Abdou, o jovem vendedor de tapetes, e Abdelfatah, com a sua personalidade única, também deixaram uma impressão duradoura.
Estas memórias aquecem-me o coração, recordando-me o poder da ligação e da quebra de estigmas. Sinto-me viva quando olho para as fotografias deste lugar e arrependo-me apenas de não feito esta viagem mais cedo.
Se alguma vez voltar a Marrocos, é muito por causa destas gentes de montanha, que deixam saudades!
CASA BERBERE DA SAIDA
Quando se fala do povo da montanha, a personagem principal é, sem dúvida, Saida.
Mulher emancipada e independente de Amizmiz, é um símbolo de determinação e inspiração. Apesar das adversidades, Saida acreditou em si própria e conseguiu, tornando-se um pilar da sua comunidade. Amiga de longa data da nossa líder de viagens, a Tânia, a história de Saida está cheia de resiliência e de poder.
Fomos recebidos com uma mesa cheia de deliciosas tajines e pão, descansámos no conforto do seu espaço exterior lindamente decorado e, no final, levou-nos numa visita guiada à sua propriedade – partilhando connosco as formas como são feitos o pão berbere e as tapeçarias marroquinas.
Como mulher muçulmana, o percurso de Saida é um testemunho da superação de barreiras e da conquista de grandeza – como sendo uma fortaleza para uma grande parte da sua comunidade.
Em setembro de 2023, pouco depois da nossa visita, um terramoto atingiu Marrocos, afectando gravemente a aldeia e a casa de Saida. A nossa líder de viagem lançou uma campanha no GoFundMe, angariando quase 7.000 euros em menos de um mês! Esta resposta incrível mostrou o profundo sentido de comunidade e empatia que estas viagens promovem.
Felizmente, pouco a pouco, com esta ajuda e muitas mãos amigas no terreno, Saida conseguiu reconstruir a sua casa e regressar ao trabalho pouco tempo depois.
Quando plantamos bondade, só podemos colher recompensas incríveis, e a Saida é uma grande prova disso!
Ainda hoje digo que Marrocos me abriu muitas portas e foi o início de uma paixão por viajar fora da caixa. Algo que eu precisava e não sabia!
Esta foi a minha primeira viagem com a minha câmara profissional e não sabia bem o que esperar. Não tinha qualquer experiência ou ética de trabalho no que diz respeito à fotografia de viagens e o povo marroquino era um desafio.
Estou grata por ter conhecido pessoas tão bonitas, tanto no exterior como no interior, e por ter tido o prazer de ver as paisagens marroquinas de uma perspetiva tão íntima.
Eu faria tudo de novo, uma e outra vez, Marrocos vale muito a pena!