A minha experiência de viagem ao Nepal – por Andreia Ventura.
O Nepal era um sonho meu desde a infância. Desde o momento em que tomei conhecimento deste país, olhei para as fotografias de Katmandu e dos seus arredores vezes sem conta e parecia nunca me cansar delas.
Mas foi só quando finalmente pus os pés em solo nepalês que compreendi a profundidade do meu desejo. Parecia surreal, como se estivesses a entrar num postal vivo! Das montanhas à cidade, da comida às paisagens, tudo era tal e qual como eu imaginava, mas o que verdadeiramente distinguia o Nepal era o seu povo: caloroso, resistente e profundamente enraizado na tradição.
O Nepal não me ofereceu apenas umas férias; ofereceu-me uma profunda viagem de auto-descoberta. Desafiou-me de formas que nunca esperei, tirando-me da minha zona de conforto e, em última análise, moldando-me naquilo que sou hoje
Para quem procura uma aventura única, recomendo vivamente o Nepal: abraça o desconhecido e deixa que este país incrível deixe a sua marca na tua alma.
OS HIMALAIAS E AS SUAS GENTES
O Nepal é abençoado com a mais bela cadeia montanhosa do mundo: os Himalaias; o que faz dele uma terra marcada pelas suas paisagens deslumbrantes e pela resiliência do seu povo.
Apesar de enfrentarem desafios geopolíticos e naturais constantes, as comunidades nepalesas têm uma capacidade de recuperação notável. Em poucas palavras: pequeno mas poderoso!
As paisagens acidentadas do país e a perseverança do seu povo ofereceram-me uma visão crua e autêntica das realidades da vida nesta parte do mundo. Explorar o Nepal vai para além de qualquer caminhada ou aventura; trata-se de compreender e conhecer características de nós próprios que nem sequer sabíamos que tínhamos, oferecendo uma perspetiva humilde da própria vida.
EXPERIÊNCIA IMERSIVA
Aprofundando o tema anterior, durante a nossa viagem, chegámos ao ponto mais alto da nossa aventura, num alojamento com vista para a aldeia única de Muktinath, situada a 3700 metros acima do nível do mar.
Apesar da beleza da paisagem, sentia-me extremamente nervoso e desconfortável, emoções alimentadas pela minha falta de familiaridade com alturas tão elevadas. No entanto, no meio da minha angústia, o povo nepalês demonstrou uma calma e uma perícia notáveis para lidar com estas situações, um testemunho da sua familiaridade com o desconforto relacionado com a altitude.
Um encontro particularmente memorável foi com Maytreya, um amigo do nosso guia turístico, que nos recebeu no seu alojamento em Muktinath. Sentindo o meu desconforto, preparou-me uma refeição simples, mas revitalizante, com os seus conhecimentos de fitoterapia: sopa com ovos, sal e ervas aromáticas!
Os cuidados e a atenção de Maytreya asseguraram a minha recuperação, permitindo-me continuar a nossa viagem no dia seguinte, sentindo-me muito melhor. Senti que os habitantes locais estavam muito habituados aos meus sintomas, mas mostraram sempre uma preocupação genuína com o meu bem-estar, deixando uma marca indelével de bondade e hospitalidade
A essência da viagem reside verdadeiramente nas ligações que estabelecemos ao longo do caminho. Diz-se que “são as pessoas que fazem os lugares”, e em nenhum outro lugar isso é mais evidente do que na calorosa hospitalidade do Nepal.
IMPACTO PESSOAL
O Nepal é mais do que um simples destino; é uma viagem que deixa uma bela marca na alma de cada viajante. Desde as ruas movimentadas de Katmandu até às remotas aldeias de montanha, cada encontro oferece um vislumbre do modo de vida nepalês e da sua perspetiva de vida.
Recordo a divertida e longa viagem de jipe de Pokhara a Jomsom, espremendo oito pessoas num jipe de cinco lugares; as viagens de autocarro partilhadas com muita gente, em que até se sentavam no meio e havia sempre lugar para mais um; as refeições partilhadas nas chamadas “estações de serviço”; muitas crianças na rua, a correr, a brincar, a sorrir; os locais são sempre tão orgulhosos da sua terra e dos seus costumes, uma vontade incessante de mostrar e representar o seu país com um sorriso sem fim.
Quer seja a partilhar uma refeição com uma família local, a receber um Namaste sincero de um estranho que passa, ou a encontrar consolo no riso das crianças que brincam nas ruas, o impacto pessoal do Nepal tem sido profundo para mim.
O povo nepalês é devoto, resistente e extremamente inspirador. É um lugar que deixamos, mas que nunca nos deixa!
DELÍCIAS CULINÁRIAS
Só porque sou uma grande fã de comida e porque gosto muito de doces, aqui tens um tópico bónus: comida.
A cozinha nepalesa é uma deliciosa fusão de sabores, mas também um reflexo da rica herança cultural e das necessidades práticas da região. O sal tem um significado especial para os habitantes e visitantes das montanhas do Nepal, não só como intensificador de sabor, mas também pelo seu papel vital na reposição dos electrólitos perdidos durante as caminhadas a grande altitude.
Deliciei o meu paladar com os momos, saborosos bolinhos de massa recheados com carne ou legumes, servidos com molhos picantes. O calor das variadas sopas de legumes, infundidas com ervas e especiarias locais, e o calor reconfortante da sopa de tsampa e alho, ambos um prato calmante, perfeito para as noites/madrugadas frias nas montanhas.
Já te falei do hambúrguer de iaque e da tarte de maçã do Kagbeni? Nem me faças começar a falar porque foram as refeições mais deliciosas que já comi!
O património culinário do Nepal é uma aventura gastronómica que, para além de saborosa, tem sempre os nutrientes necessários para as adversidades que os viajantes enfrentam nas diferentes fases ou regiões da viagem. É mais do que um simples alimento; em muitas situações, é utilizado como um simples medicamento.